segunda-feira, 16 de setembro de 2013

DA TEORIA À PRÁTICA: Projeto utiliza plantas no tratamento de esgoto doméstico


Um sistema compatível com a realidade amazônica, adaptável às comunidades ribeirinhas, que utiliza plantas no pós-tratamento de esgoto doméstico. Em pleno funcionamento em uma casa sobre palafita na comunidade Sagrado Coração de Jesus, no Careiro, o projeto denominado Filtro Raiz, parceria entre a Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (FUCAPI) e a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), entra na terceira fase de execução apresentando resultados promissores.
“Chegamos a 99,99%, até 100 % de remoção de coliformes fecais, o que garante que a água pode ser devolvida ao rio”, comemora a coordenadora do projeto pela FUCAPI, engenheira ambiental Andréa Asmus. O pós-tratamento do esgoto doméstico é feito num sistema denominado wetland, (terra úmida – em inglês), ou Filtro Raiz. De acordo com o projeto, outro protótipo será instalado numa casa flutuante, na mesma comunidade.
A unidade que trata o esgoto resultante da casa tipo palafita é fixa, e alagável no período das cheias. Os protótipos são construídos de forma que apenas a água resultante do tratamento tenha contato com o rio. O líquido sai da fossa séptica, entra pela parte inferior do tanque, passa por camadas de areia e chega à superfície, onde é plantada um tipo de braquiária (gramínia) que auxilia na remoção de nutrientes presentes no esgoto.
O assunto foi tema de reportagens no jornal A Crítica on-line (http://goo.gl/gUoGr) e impresso do dia 8/11/2011; e foi exibida no Jornal da Band do dia 17/11/1011 (http://goo.gl/XortZ).

Uma questão de saúde pública
Segundo Reinier Pedraça, engenheiro sanitarista e supervisor da pesquisa pela Funasa, o projeto tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população que vive em áreas de várzea. “Em muitas dessas áreas é factível a implantação de um sistema de coleta de esgoto, entretanto, a maior dificuldade encontrada refere-se à aplicação dos tratamentos convencionais, visto que a subida das águas inibe ou dificulta essa etapa. Assim sendo, cabe um estudo para verificar a aplicabilidade e adequação do WETLAND (filtro raiz) à situação de áreas de várzea, sujeitas a inundações periódicas. O produto esperado com essa pesquisa é verificar a factibilidade da aplicação desse tipo de solução às características regionais”, explica.
De acordo com o infectologista Rodrigo Leitão, a falta de saneamento básico e o uso da água poluída podem trazer uma série de conseqüências graves à população. “A falta de saneamento básico é um grave problema que, infelizmente, ainda atinge grande parte da população. Doenças como febre tifóide, leptospirose, disenteria e hepatite são transportadas pela água e adquiridas por meio do uso e ingestão de água ou alimentos contaminados por organismos patogênicos. Diarréias e infecções de pele como sarnas e fungos também são doenças decorrentes da falta de saneamento básico”, completa o médico.
Enquanto monitoram os resultados do projeto, os técnicos realizam ações de educação ambiental para conscientizar a comunidade da importância do sistema para o meio ambiente. “Com os resultados, podemos afirmar que esse tipo de sistema pode ser a solução para o tratamento de esgoto doméstico em comunidades ribeirinhas”, diz a engenheira ambiental.
A situação no Brasil
No Brasil, segundo o IBGE, dos 50,3% de esgoto coletado, apenas 31,3% é tratado. Ainda segundo o IBGE (2007), cerca de 23,59% dos domicílios do Amazonas são atendidos por rede coletora de esgoto, sendo que o tratamento de efluentes é praticamente inexistente. Nas comunidades ribeirinhas, situadas em área de várzea ou próximas de rios, a situação é ainda mais precária. Essa situação induz o descarte do esgoto nos rios, lagos e igarapés, em valas a céu aberto, e a contaminação dos lençóis freáticos, através dos sumidouros, favorecendo a ocorrência de doenças de veiculação hídrica. Doenças como a leptospirose, hepatite “A” e febre tifóide são associadas à ausência de tratamento de esgoto.
Segundo dados disponibilizados pela empresa Águas do Amazonas (http://goo.gl/Fbgn4), na cidade de Manaus a coleta de esgoto cobre 11,6% da população, sendo que apenas 2,9% é tratado.
Confira os dados do saneamento básico no Brasil no Atlas IBGE de saneamento: http://goo.gl/jzmJi
Sobre os wetlands
Wetland é a denominação inglesa genérica dada às áreas úmidas naturais onde ocorre a transição entre os ambientes aquáticos e terrestres, reconhecidas como um rico habitat para diversas espécies e capazes de melhorar a qualidade das águas. Os pântanos, brejos, charcos, várzeas, lagos muito rasos e manguezais são exemplos desse tipo de terreno.
Já as wetlands construídas são sistemas naturais de tratamento de esgoto que utilizam plantas para o pós-tratamento de efluentes. Além da melhoria da qualidade do esgoto, a vegetação proporciona apelo estético ao sistema colaborando para a redução nos índices de rejeição ao sistema de tratamento de efluentes por parte da população.
O sistema de wetland permite algumas variações em sua concepção dependendo da orientação do fluxo principal de escoamento, da posição da lâmina d’água em relação ao sistema e o tipo de vegetação utilizado.
No Brasil, segundo artigo de Eneas Salati, Eneas Salati Filho e Eneida Salati, do Instituto Terramax – Consultoria e Projetos Ambientais LTDA, disponível em http://goo.gl/3qzLt,  a primeira tentativa de utilização de sistemas de wetlands construídas foi em 1982, com a construção de um lago artificial nas proximidades de um córrego altamente poluído em Piracicaba/SP.
http://www.fucapi.br/blog/2011/11/da-teoria-prtica-projeto-utiliza-plantas-no-tratamento-de-esgoto-domstico/

Nenhum comentário:

Postagem em destaque

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO?

JÁ PENSOU EM TER UM MINHOCÁRIO PARA RECICLAR O SEU LIXO ORGÂNICO DOMÉSTICO?   ...