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terça-feira, 23 de maio de 2017

RECEITA de Adubação verde para obter e conservar uma fertilidade duradoura

Para recuperar terras esgotadas, empobrecidas pelas monoculturas, queimadas, erosão, etc, existe um sistema muito eficiente de recuperação, desenvolvido pelo engenheiro agrônomo René Piamonte, do Instituto Biodinâmico de Botucatu, SP.


Nesse sistema, misturam-se vários tipos de sementes para serem semeadas no outono / verão. Por exemplo: 20 kg de milho, 10 kg de mucuna preta, 10 kg de feijão de porco, 10 kg de lab lab, 10 kg de guandú, 10 kg de girassol, 5 kg de crotalária, 5 kg de mamona, 5 kg de feijão catador, 4 kg de painço, 4 kg de leucena; 4 kg de calopogonio, 5 kg de soja, 4 kg de sorgo, 2 kg de mileto, 0,5 kg de abóbora; 2 kg de nabo, etc. A mistura pode variar conforme a disponibilidade, o preço e a região. A mistura acima é indicada para mais ou menos 1 há, aproximadamente 100 kg. Se for possível encontrar, recomenda-se misturar alguns inoculantes específicos para leguminosas e 5 kg de fosfato natural com Araxá ou Yoorin e água suficiente para peletizar as sementes. Deixar secar por algumas horas. A semeação deve ser feita a lanço,em terra bem preparada e calcareada, se necessário, e a incorporação com grade leve ou dependendo da área, com rastelo.

A eliminação do coquetel pode ser realizada com aproximadamente 150 dias, no início do florescimento da mucuna preta, colhendo antes manualmente o milho e o girassol. A produção de massa verde será de 50 a 70 ton/ha.


Também é possível deixar o ciclo das plantas finalizar, com o objetivo de colher as sementes. Assim a produção de massa verde será de 100 a 150 ton/ha. A incorporação pode ser feita superficialmente, com grade em caso de plantio de plantas de porte grande. Em culturas menores, que precisam ser semeadas em canteiros, deve ser usada a enxada rotativa. Quando se incorpora mais profundamente, deve-se deixar a massa verde mais tempo (30 a 60 dias) para se decompor antes da semeação.


A idéia de misturar vários tipos de plantas é como se fosse uma floresta tropical criada em 5 a 6 meses. Cada tipo de planta em um sistema de raízes diferente. O conjunto de raízes explora cada cm cúbico do solo e subsolo fazendo uma extratificação do solo. Cada planta tem uma capacidade diferente de extrair os minerais. O conjunto de plantas traz de volta todo complexo de elementos perdidos que as próximas culturas precisam.*


Para o Outono e início de Inverno podemos semear uma mistura mais adaptada ao frio e a dias mais curtos, por examplo; nabo 2 a 4 kg, cereais do inverno como aveia, centeio, cevada, trigo, triticali, trigo morisco, totalizando mais ou menos 60 kg, milho 20 kg, girassol 4 kg, soja 15 kg, sorgo 5 kg, milheto 2 kg, abobora e sobras de sementes de verduras 3 kg etc. No sul pode se pensar em trevo, tremoso, alfafa, mostarda, etc. No Inverno a cultura deve ser irrigado. Irrigar uma vez para nascer emais duas vezes durante o ciclo é suficiente.


Além da extratificação do subsolo, o coquetel faz milagres na superfície também. Com a grande diversidade de plantas obtém-se uma grande diversidade de insetos formando um equilíbrio para o controle das pragas nas culturas seguintes.

* Em Botucatu conseguiram plantar várias culturas de verdura em seguida, sem precisar de incorporação de esterco. As análises do solo antes e depois mostraram uma boa melhora no Ph, P, K, Ca, Mg , microelementos e material orgânico.

Joop Stoltenborg - Sítio A Boa Terra -

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O futuro será diversificado ou não haverá futuro, profetiza Vandana Shiva


Valores como cuidado e proteção embasam uma 
democracia viva, que traz a sustentabilidade e atende
 as necessidades de conexão universal entre todas as 
espécies, defende a ecofeminista indiana em palestra
 realizada na capital gaúcha





Por Eliege Fante, para EcoAgência de Notícias Ambientais
A intensificação da biodiversidade é o antídoto para superarmos as crises existenciais, econômicas, sociais,
 sob as quais a humanidade se encontra. A afirmação é da ecofeminista indiana Vandana Shiva, que realizou
 palestra na noite de segunda-feira (28) no Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Reitoria da UFRGS,
 em Porto Alegre. Para ela,“O futuro será diversificado ou não haverá futuro,” profetizou.

A biodiversidade retratada se evidencia através do respeito ao próximo, às espécies, ao diferente, aos indígenas e

 as demais comunidades autóctones. Conforme explicou, são essas comunidades que possuem a sabedoria de 
como viver com uma pegada ecológica leve, ou seja, impactando menos os ecossistemas. “Com cada língua que
 desaparece vai também uma possibilidade de resistência contra a extinção das espécies.”

“Vamos celebrar as culturas, reinserir o bem-estar para a segurança ecológica das identidades, dos cidadãos da 

Terra, reaver o controle do alimento e da água,” disse Vandana. A pesquisadora entende que à globalização
 corporativa, que exclui o cidadão e também o parlamento e os políticos em geral, deve suceder-se uma 
democracia viva. “Temos que passar para economias vivas que proporcionem a sustentabilidade, satisfaçam a 
necessidade de consciência, de conexão universal, de compaixão e solidariedade.”

Felicidade Interna Bruta (FIP) - Como um exemplo desta possível prática, a pesquisadora contou a sua 

 experiência enquanto assessora na transição na economia do Butão para uma produção de alimentos totalmente
 orgânica. “Lá medem o FIB, a Felicidade Interna Bruta. É um ministério da felicidade e não da economia como os 
outros, que busca o equilíbrio e harmonia com a natureza. São responsáveis por criar novas fronteiras do
 pensamento, além do ecoapartheid – a separação do homem e da natureza, por criar uma democracia da 

comunidade da Terra, pois somos uma família na Terra.”

Sobre esta mudança de paradigma, é que Vandana Shiva falará na Rio+20. Adiantou que estará no painel 

“Segurança alimentar e nutricional” e que defenderá a agroecologia como modelo para produção de alimentos em
 contraposição ao agronegócio. “Para a economia verde tudo é mercadoria. Mas, como o slogan do Fórum 
Social Mundial é ‘Um outro mundo é possível’, eu digo 
que, um outro mundo é ‘necessário’ para a humanidade
 ter lugar no planeta,” disse.

Abordar a origem dessa visão da natureza enquanto

 mercadoria, levou a palestrante a citar o início do 
pensamento moderno com Francis Bacon, filósofo autor
 de Novum Organum (ou Novo Instrumento, 1620). 
Bacon pretendia substituir o Organum de Aristóteles, 
ao criar um processo de busca pelo conhecimento dito 
com bases sólidas. 
Contudo, este progresso pretendido, destacou Vandana, 
implantou a visão de que o conhecimento e o saber 
levariam ao poder sobre a natureza. Dando-se a partir 
daí, a separação entre esta e o homem. “Para esta
 ciência masculina, é preciso haver uma refeminização 
da humanidade, no sentido de um resgate dos valores femininos, 
como o cuidado e a proteção,” apontou.

A ciência masculina, aquela que impõe o subjugo da natureza, é a mesma que propõe o patenteamento da vida, 

por considerem-na vazia até que o homem a desenvolva. “O problema das corporações era que os agricultores 
guardavam as sementes, então a Organização Mundial do Comércio elaborou (1996) o Acordo sobre os Aspectos
 dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio. Na Índia, tínhamos 200 mil variedades de 
arroz, hoje estão reduzidas a um punhado,” denunciou o monopólio das sementes, principalmente pela Monsanto.
 No caso do algodão, cujo mercado a empresa detém 95%, o fracasso na colheita, a dependência financeira e o 
 endividamento dos agricultores devido ao alto custo das sementes e dos insumos, levou 150 mil pessoas ao 
suicídio na década de 90.

Patenteamento da Vida - A ecofeminista explica que o patenteamento da vida nega a criatividade da natureza.

 “A indústria faz de conta que cria muitas características nas sementes, mas só pode colocar uma toxina,” 
lembrou, referindo-se ao Bacillus thuringiensis. Ela criticou também a engenharia genética e o “cassino genético”
 que promove ao desenvolver organismos geneticamente modificados. “Inventaram que impedem que ervas 
daninhas roubem o sol, colocaram as abelhas como ladras de pólen. O resultado foi o uso 13 vezes maior de 
pesticidas e o desaparecimento de 75% das abelhas na Índia.”

Segundo Vandana, a agricultura industrial manipula a produtividade ao medir a produção por unidade de insumo.

 Ela defende o cálculo a partir dos produtos: alimento, excedente a ser vendido e biomassa. Especialmente sobre 
esta última, desmentiu o índice de 75% de não aproveitamento da biomassa. Segundo explicou, somente nas 
grandes cidades o petróleo e os subprodutos facilitam a subsistência, já que no restante delas, as comunidades
 são dependentes da biomassa. Por isso, considera o uso desta para fabricação de combustíveis uma violação 
dos direitos humanos e da economia da biodiversidade.

Ao comparar uma monocultura de milho, explicou que uma propriedade biodiversa, vai produzir além do milho, 

outras culturas também, e o principal, vai produzir nutrição. Em resposta ao público, afirmou que existem centenas
 de alternativas para substituir o capitalismo, sempre se levando em conta que as liberdades fundamentais são 
base para uma democracia viva. Intensificar a biodiversidade e não investir em insumos, que geram resíduos e 
impactos, mas plantar para ter alimento e não para ter mercadoria, são ingredientes da receita da indiana. “Assim
 como cada região tem bacia hidrográfica, deveria ter uma bacia alimentícia. É preciso ocupar os espaços das 
cidades, ter o sistema local, trabalhar com amor e confiança, pois existem mais tipos de alimentos do que o milho
, a soja, e as demais commodities,” disse.

A mudança do capitalismo para um paradigma ecológico vai ocorrer, ela acredita, porque está havendo maior

 conscientização das populações, principalmente a partir da crise econômica mundial de 2008 que provocou o
surgimento dos movimentos “Os indignados” e Occupy Wall Street. Em paralelo, a ativista sugere a ação individual
 por meio do reconhecimento de que somos sujeitos nesta luta, de que podemos fazer opções para criar uma
 revolução alimentícia, comer orgânicos e não químicos e ter a garantia de que a nossa forma de alimentação 
ajuda o avanço dos mercados locais. “Podemos nos tornar coprodutores da propriedade agrícola e da biodiversida_
de. O sistema capitalista não vai durar muito devido suas estruturas artificiais, suas mentiras e falsidades e,
 também, à medida que decidirmos criar um outro mundo,” concluiu.

Vandana Shiva é fundadora do Navdanya, um movimento pela conservação da biodiversidade e direitos dos 

agricultores. Ela também dirige a Fundação de Pesquisa para a Ciência, Tecnologia e Política de Recursos 
Naturais. Durante a palestra, abordou o curso de agricultura orgânica que promovem na Índia, onde falam sobre 
uma economia da resiliência e do qual já participaram 500 mil agricultores.
Ecoagência Solidária de Notícias Ambientais

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